23/02/2010

Palmas para Meryl Streep!



Vi essa entrevista na Época e tinha que postar, afinal, Meryl Streep é a grande dama do cinema americano, uma das atrizes que mostram competência e consegue se manter no alto mesmo com todo o sexismo do cinema que mede o talento das atrizes pela sua idade. Na entrevista ela mostra senso crítico, engajamento político e fala do que as mulheres conquistaram e perderam nas últimas décadas. Claro, que perguntas melhores renderiam bem mais, no entanto, o resultado ficou muito bom. Segue a entrevista.



ÉPOCA – A senhora detém o título de intérprete com mais indicações para o Oscar de todos os tempos: 16. Uma marca difícil de ser batida. Mas a última vez que a senhora venceu foi em 1983, por A escolha de Sofia. Não é frustrante perder sempre?
Meryl Streep – Não. Porque eu já nem penso mais em ganhar. Vou à cerimônia do Oscar para me divertir, encontrar amigos e para apoiar os diretores com quem trabalhei. Já estou muito feliz de ter esse histórico todo com o Oscar.

ÉPOCA – Muitas atrizes têm a carreira da senhora como modelo. O que acha dessa reverência toda?
Meryl – Isso me faz sentir ótima. E me faz mesmo. Sei quanto as atrizes que me precederam significaram para mim. Lembro de chegar a Nova York, vindo da escola de arte dramática (na Universidade Yale) e ter a chance de ver Geraldine Page, Irene Worth e Colleen Dewhurst no teatro. Que maravilha! Elas significaram o mundo para mim, talvez até mais do que as estrelas de cinema. Jamais pensava que iria fazer filmes. Meu sonho era ser uma atriz de teatro.

ÉPOCA – A senhora já disse que não existem bons papéis para atrizes acima dos 40 anos. Agora que continua por cima, tendo faturado mais de US$ 1 bilhão com seus filmes, ainda pensa da mesma maneira?
Meryl – Quando dei aquela declaração havia poucos papéis para atrizes maduras. E os bons papéis para atrizes acima dos 40 continuam escassos. Tive a sorte de fisgar todos os bons papéis que estavam disponíveis para essa faixa etária (risos). Mas vejo uma melhora. Hollywood funciona a partir do retorno da bilheteria. O que importa para os estúdios é o dinheiro arrecadado. Quando uma parcela ignorada do público responde com entusiasmo a um tipo de filme, aí prestam atenção. Toda vez que encontro chefões de estúdio dou um puxão de orelhas neles. Faço-os ver que ignoram uma parcela do público, o das mulheres maduras. Faço lobby para que eles invistam mais em filmes como Rio congelado, no qual a atriz Melissa Leo faz uma grande interpretação. Ninguém viu o filme, pois o dinheiro para o marketing era pouco e a distribuição acanhada. Mas rendeu indicações para o Oscar de atriz e roteirista. É um dos melhores que já vi.

ÉPOCA – A senhora poderia imaginar 15 anos atrás que atingiria o status de uma sexagenária que arrasta multidões ao cinema?
Meryl – Jamais. Também jamais suspeitaria que, de nossas três grandes emissoras de TV, duas delas hoje teriam mulheres ancorando seus noticiários no horário nobre. Jamais poderia imaginar que teríamos uma mulher como secretária de Estado. Ou que teríamos um presidente negro. É muito bom ver mulheres no poder na América do Sul e na Europa. Mas, ao mesmo tempo, também temos de enfrentar certos retrocessos.

ÉPOCA – Tais como?
Meryl – Como no Afeganistão. Nos anos 50, as mulheres afegãs formavam 70% do contingente de servidores públicos. A maioria dos professores era de mulheres. As afegãs votaram muito antes numa eleição do que as americanas.

ÉPOCA – O que a senhora acha do desempenho de Hilary Clinton como secretária de Estado?
Meryl – Ela está fazendo um trabalho de 20 mulheres ao mesmo tempo. Quando você olha a agenda dela no ano passado, dá para detectar a dimensão do trabalho que ela fez. E Hillary está tentando fazer o melhor que pode.

ÉPOCA – Em uma cena de Simplesmente complicado, a senhora aparece fumando maconha. Já fumou maconha alguma vez?
Meryl – Sim, já fumei maconha. Mas não gostei. Fumar maconha me fez sentir gorda e paranoica. Fiquei faminta depois. Assaltei a geladeira como se não houvesse amanhã.

ÉPOCA – O que a senhora acha da obsessão das atrizes de Hollywood pela cirurgia plástica?
Meryl – Me assusta que muita gente considere você maluca se não deu uma repaginada no rosto. Plástica hoje é como dente amarelo no passado. Todo mundo passou a ter dentes melhores e, se você não os têm, todo mundo diz: “Por que não os arrumou ainda?’’ Hoje em dia, quando alguém olha para você e diz: “Puxa, sua aparência está fantástica”, isso significa que a pessoa está realmente querendo dizer: “Bem-vinda ao clube, querida” (risos).

ÉPOCA – Qual é o segredo de sua forma invejável?
Meryl – Como muitas mulheres, gasto uma boa grana com cremes (risos). Eles ajudam muito. Recomendo. Dormir pelo menos sete horas por noite também é bom.

ÉPOCA – Muita gente famosa estremece ao conhecê-la pessoalmente. E com a senhora também rola uma tietagem?
Meryl – Mas é claro! Recentemente, conheci o presidente Barack Obama e fiquei totalmente paralisada (risos). Com o (cantor) Bruce Springsteen foi a mesma coisa.

12/02/2010

Barbie vira engenheira da computação e apresentadora de TV



Barbie já foi astronauta, presidente dos EUA, bailarina, princesa, paraquedista e caixa do McDonald's. Agora, por votação popular ela será apresentadora de TV e engenheira da computação. Estas serão, segundo notícia do G1, a 125ª e 126ª profissão da boneca mais famosa do mundo. Quem ajudou a desenhar a boneca engenheira foi uma associação de mulheres engenheiras dos Estados Unidos. Sei que a Barbie é vista como um símbolo de assujeitamento aos ditames da moda e de outros papéis de gênero que merecem ser criticados, mas a boneca também tem essa faceta profissional que é marcada pelo slogan "tudo que você quer ser". O que uma menina quer/pode ser? A boneca, que é adulta, pode, sim ter função pedagógica. Basta saber usá-la.

03/02/2010

Misoginia no Twitter



Não sei quem tem Twitter. Eu tenho e passo mais tempo por lá do que no Orkut. Esses dias, o assunto principal é o BBB, porque uma das concorrentes – eliminada ontem – era twitteira profissional. Não assisto, mas a gente acaba acompanhando notícias por tabela. Pois bem, a tal moça teria dito em um dado momento que fez sexo dentro da casa. No final de semana, o tal vídeo “vazou” (se, sei...), a partir daí, a antipatia pela moça atingiu níveis absurdos, ela já tinha forte rejeição antes.

Eu cheguei a deixar de seguir pessoas que ficavam re-postando as sandices ofensivas. A moça era chamada de “piranha”, “boqueteira”, “chpália”, “Tessaranha”, “puta” e toda uma série de adjetivos pejorativos. Exceções, que eu re-postei, foram “A Tessália está solteira e faz sexo e é taxada de puta. Michel tem namorada e a sacaneia e é "o cara"?? Fala sério. Inversão de valores!” e “Esse negócio da Tessália é quase um Uniban 2. Todo mundo chamando ela de puta, mas ela não estava ali sozinha, estava?”. De resto eram ofensas, que lembraram, sim, o caso UNIBAN. Já o rapaz foi poupado ou "felicitado" pelo presente recebido.

Aliás, parece ser tudo parte do mesmo fenômeno, mulheres jovens e sexualmente atraentes (*aliás, mulheres devem ser assim, não é?*) são linchadas moralmente, porque fazem exatamente o que se espera que elas façam, ou porque fazem sexo. É o backlash total. O resultado do linchamento da tal Tessália foi que o top 10 dos trending topics brasileiros foram xingamentos à moça e acho que um deles conseguiu ser o terceiro trending topic do Twitter inteiro. “Orgulho nacional”, alguns gritaram.

Na verdade se provou mais uma vez a capacidade dos brasileiros e brasileiras se mobilizarem por causas inúteis, a hipocrisia que campeia entre nós e, claro, o machismo que está impregnado até a alma. E não se trata de simpatia pela moça em si, mas da percepção de que este tipo de coisa é prejudicial a todas as mulheres. Nós feministas precisamos ficar de olho, porque esse tipo de violência de gênero é virtual e real, e se nos calarmos tende a crescer e se tornar generalizada. E não se omita, pois a próxima pode ser você.

01/02/2010

Fazendo Gênero 9 - Inscrições Abertas!



O Fazendo Gênero é um evento importante que acontece a cada dois anos na Universidade Federal de Santa Catarina. Ele reúne pesquisador@s de todas as áreas e as inscrições de trabalhos estão abertas até 28 de fevereiro. O evento acontecerá este ano entre 23 e 26 de agosto. Para fazer as inscrições, é só clicar aqui. Para maiores informações, clique no cartaz do post.