31/10/2010

Voto em Dilma não porque ela é mulher, mas porque eu sou mulher



A frase acima não foi criada por mim, ou aqui no Brasil, ela veio da pré-campanha democrata americana que contrapôs Barak Obama e Hilary Clinton. Infelizmente, no nosso caso, não se trata de escolher entre um Obama e uma Hilary, o que não seria doloroso, mas entre o projeto político do PT, com todas as suas falhas, com o PMDB (*capaz de mudar de lado sem problema*) à reboque, e um candidato que não não mostra respeito pelas mulheres e que tem no seu círculo o que de pior existe na política brasileira. Meu voto é antes de tudo contra Serra; a TFP (Tradição Família e Propriedade*) com os Monarquistas marcando forte presença; o DEM (*que teve seu único governo "chapa-pura"cassado aqui no DF por corrpução*); a ala ultra-direitista da Igreja Católica (*que ainda deseja rezar uma versão da missa em latim que chama os judeus de assassinos*), e especialmente o seu líder que ousou dar pitaco eleitoral agora bem na véspera endossando a propaganda apócrifa e contra as leis deste país (*e não falo do estado laico, falo de lei eleitoral*); os Integralistas, os (neo)Nazistas, Silas Malafaia (*que traiu Marina ainda no 1º turno, porque Serra era mais cristão que ela e é um dos paladinos da homofobia neste país*), os saudosos da ditadura militar.

Essa turma toda que anda com o Serra já seria bom motivo para não votar nele. Esse grupo, usando dos métodos mais sujos, como vídeos e panfletos, aterrorizou e fez muita gente votar, não em Serra, mas em Marina! E isso bastou para que tivéssemos o inferno do 2º turno. Minha mãe fez isso, porque Dilma "era a favor do aborto, porque parecia sapatão". E eu quase chorei, porque minha mãe está acima da média do evangélico realmente praticante, e se deixou cooptar. Estranhamente, o mesmo material de campanha, não fala que Serra se posicionou a favor da união civil entre homossexuais e que fez regulamentar, quando ministro, a lei do período Vargas que garante o direito de aborto em dois únicos casos, estupro e risco de vida da mãe. Detalhes que ele e a turma que o apóia quer esquecer. O Rio de Janeiro, e minha famílai vota lá, definiu o 1º turno. Na casa dos meus pais, foram dois votos para Marina, e um para Dilma. E como eu senti orgulho do meu pai, que disse não ter motivos para votar em Marina e que, para ele, o governo atual era bom e deveria continuar o mesmo projeto. Ele lembra da Era FHC, os outros parecem ter esquecido. Meu pai é o menos escolarizado e o mais crítico em matéria de fé e política. Se ele tivesse sido convencido por propaganda suja, aí, sim, eu daria tudo como perdido.

Eu estarei simplesmente repetindo meu voto. Por mais simpatias que eu tivesse por Marina, e por mais que Dilma não me convencesse (*seu grande mérito, para mim, é não negar seu passado como guerrilheira*), o PV não teria estrutura para governar e seus grandes nomes , salvo a própria candidata, estavam todos muito propensos a mudar de lado, ainda antes do resultado do 1º turno. Não posso ajudar esses grupos a tomar o poder no Brasil. Contra isso devo lutar usando o meu voto.

Eu não quero que a direita mais suja e retrógrada deste país tome conta do Brasil. Como mulher, como feminista, como alguém que é contra os racismos e a homofobia, como alguém que se preocupa com as políticas sociais, e mesmo como funcionária pública, tenho que votar no PT. É um voto crítico, é um voto desconfiado, mas é o voto contra Serra. Nunca vi uma campanha tão suja na minha vida. O uso de e-mails e panfletos mentirosos e terroristas, o apoio quase que irrestrito da grande imprensa ao candidato tucano, a cooptação de pastores... E, claro, temos o discurso do controle sobre os corpos das mulheres (*obviamente, o aborto sumiu da campanha quando ficou exposto que o próprio candidato e sua esposa fizeram um*) e o estímulo á homofobia como bônus. José Serra e seus aliados são um perigo ao nosso frágil Estado laico, uma das poucas e boas heranças de uma intervenção militar na política brasileira. E, para fechar com chave de ouro, Serra ainda age como cafetão e estimula suas eleitoras a trocarem algum favor amoroso (*ou sexual*) por votos (*e o link é da Folha de São Paulo, para ninguém pensar que é artimanha da "esquerda"*). E estabelece o número de 15! Como mulher, eu não posso desejar que este homem seja o meu presidente. E nem quero comentar a fraude da bolinha de papel e outras mais graves como a dos dossiês ou o desvio de verbas do rodo anel e do metrô de São Paulo que produziu várias mortes (*e, a julgar pela solda utilizada, outras ainda podem vir*).

Mas minha ojeriza por Serra vem de longe, muito longe. Vem de quando esse senhor, então governador de São Paulo, se solidarizou com o seqüestrador da menina Eloá e não permitiu que a polícia fizesse seu trabalho direito. Prometeu-se, em semana de eleição, que o seqüestrador não seria ferido. E não foi, quem morreu foi Eloá e sua amiga, outra adolescente, saiu ferida. Para completar, o mesmo Serra apareceu na TV dizendo que um acidente infeliz tinha acontecido. A menina já deveria estar morta, “o acidente” se chama incompetência e desprezo pela vida das mulheres, especialmente as pobres. Pois bem, se não tivesse qualquer outro motivo para destestá-lo e querer vê-lo varrido da política no Brasil, este bastaria. Por Eloá, eu não posso coperar para que este senhor chegue a presidente do Brasil.

Não sei se Dilma irá vencer hoje, não quero nem vou cantar vitória antes do tempo. Não confio em pesquisas, mas espero sinceramente que elas estejam certas. Quero poder voltar mais tarde e escrever aqui que tenho orgulho de ver a primeira mulher presidente do Brasil e poder ver gente (*mulheres, inclusive*) que repete a frase "aproveitem que amanhã é Halloween e queimem uma bruxa... Votem 45", tendo que engolir o que disse. Eu posso ser a próxima bruxa a ser queimada, afinal, sou feminista, aliás, ser mulher já bastaria. Enfim, pare e reflita sobre o Brasil que você quer, se vale a pena permitir que o que há de mais reacionário no Brasil volte ao poder, ou se dar um voto de confiança à Dilma e ao PT não seria a saída. Votar nulo ou se abster neste momento é ajudar Serra. Eu, pelo menos quero ter minha consciência tranqüila. Reclamar depois não adianta. É preciso que cada um d enós faça a sua parte e vote com consciência.

15/10/2010

Vida de Hildegard Von Bingen no cinema


Hildegard Von Bingen (1098 –1179) foi uma das mentes mais brilhantes da Idade Média, e uma das poucas mulheres do período que costumam receber a devida homenagem por seus méritos. Compositora, criadora de um alfabeto, poeta, filósofa, naturalista, autora teatral, pregadora, abadessa, médica, teóloga, ela foi muitas coisas e é difícil enumerar. Agora, a vida dessa monja beneditina alemã chegou aos cinemas alemães pelas mãos da diretora Margarethe von Trotta com Barbara Sukowa no papel de Hildegard. O nome do filme é Vision – From the Life of Hildegard von Bingen. O filme acabou de sair nos EUA em DVD, espero que chegue por aqui. Só que se Agora até agora não apareceu no cinema e Papisa Joana não deu as caras em DVD, pode ser que nunca chegue. O que é uma pena. Já é possível montar um curso de Mulheres, Cinema e Idade Média sem nenhuma dificuldade... Basta os filmes saírem aqui.