Não sei quem tem Twitter. Eu tenho e passo mais tempo por lá do que no Orkut. Esses dias, o assunto principal é o BBB, porque uma das concorrentes – eliminada ontem – era twitteira profissional. Não assisto, mas a gente acaba acompanhando notícias por tabela. Pois bem, a tal moça teria dito em um dado momento que fez sexo dentro da casa. No final de semana, o tal vídeo “vazou” (se, sei...), a partir daí, a antipatia pela moça atingiu níveis absurdos, ela já tinha forte rejeição antes.
Eu cheguei a deixar de seguir pessoas que ficavam re-postando as sandices ofensivas. A moça era chamada de “piranha”, “boqueteira”, “chpália”, “Tessaranha”, “puta” e toda uma série de adjetivos pejorativos. Exceções, que eu re-postei, foram “A Tessália está solteira e faz sexo e é taxada de puta. Michel tem namorada e a sacaneia e é "o cara"?? Fala sério. Inversão de valores!” e “Esse negócio da Tessália é quase um Uniban 2. Todo mundo chamando ela de puta, mas ela não estava ali sozinha, estava?”. De resto eram ofensas, que lembraram, sim, o caso UNIBAN. Já o rapaz foi poupado ou "felicitado" pelo presente recebido.
Aliás, parece ser tudo parte do mesmo fenômeno, mulheres jovens e sexualmente atraentes (*aliás, mulheres devem ser assim, não é?*) são linchadas moralmente, porque fazem exatamente o que se espera que elas façam, ou porque fazem sexo. É o backlash total. O resultado do linchamento da tal Tessália foi que o top 10 dos trending topics brasileiros foram xingamentos à moça e acho que um deles conseguiu ser o terceiro trending topic do Twitter inteiro. “Orgulho nacional”, alguns gritaram.
Na verdade se provou mais uma vez a capacidade dos brasileiros e brasileiras se mobilizarem por causas inúteis, a hipocrisia que campeia entre nós e, claro, o machismo que está impregnado até a alma. E não se trata de simpatia pela moça em si, mas da percepção de que este tipo de coisa é prejudicial a todas as mulheres. Nós feministas precisamos ficar de olho, porque esse tipo de violência de gênero é virtual e real, e se nos calarmos tende a crescer e se tornar generalizada. E não se omita, pois a próxima pode ser você.
Eu cheguei a deixar de seguir pessoas que ficavam re-postando as sandices ofensivas. A moça era chamada de “piranha”, “boqueteira”, “chpália”, “Tessaranha”, “puta” e toda uma série de adjetivos pejorativos. Exceções, que eu re-postei, foram “A Tessália está solteira e faz sexo e é taxada de puta. Michel tem namorada e a sacaneia e é "o cara"?? Fala sério. Inversão de valores!” e “Esse negócio da Tessália é quase um Uniban 2. Todo mundo chamando ela de puta, mas ela não estava ali sozinha, estava?”. De resto eram ofensas, que lembraram, sim, o caso UNIBAN. Já o rapaz foi poupado ou "felicitado" pelo presente recebido.
Aliás, parece ser tudo parte do mesmo fenômeno, mulheres jovens e sexualmente atraentes (*aliás, mulheres devem ser assim, não é?*) são linchadas moralmente, porque fazem exatamente o que se espera que elas façam, ou porque fazem sexo. É o backlash total. O resultado do linchamento da tal Tessália foi que o top 10 dos trending topics brasileiros foram xingamentos à moça e acho que um deles conseguiu ser o terceiro trending topic do Twitter inteiro. “Orgulho nacional”, alguns gritaram.
Na verdade se provou mais uma vez a capacidade dos brasileiros e brasileiras se mobilizarem por causas inúteis, a hipocrisia que campeia entre nós e, claro, o machismo que está impregnado até a alma. E não se trata de simpatia pela moça em si, mas da percepção de que este tipo de coisa é prejudicial a todas as mulheres. Nós feministas precisamos ficar de olho, porque esse tipo de violência de gênero é virtual e real, e se nos calarmos tende a crescer e se tornar generalizada. E não se omita, pois a próxima pode ser você.
Olá!
ResponderExcluirFiquei sabendo do seu blog por causa do seu guest post no da lola (aliás, excelente o texto!), e pelo que já li por aqui, gostei muito, então não se surpreenda se aparecer mais por aqui...
Essas manifestações machistas me preocupam cada vez mais: seja pelo ódio medroso e incontido na internet ou por uma horda selvagem de estudantes berrando, a hipocrisia e as contradições são reforçadas: enquanto meninas e mulheres são bombardeadas por mensagens e pressões dos meios de comunicação e propagandas para serem sensuais e reduzir sua existência a seu corpo, mas, por outro, quando se comportam conforme as pressões exigem, são execradas pela mesma sociedade que ensina menininhas de 6 anos a usarem batom...
Vejo esses retrocessos e tenho medo - afinal, tudo o que foi conquistado também pode ser tirado com ondas conservadoras... Enquanto temos Uniban e casos como esse de um lado, ainda temos lojas de brinquedos totalmente polarizadas, divididas no rosa choque para as meninas, e azul para os meninos, sendo que todos os jogos de tabuleiro e quebra-cabeça, que na minha cabeça são neutros, ficam na tão normativa seção azul... ah, e sem contar o fenômeno twilight e o príncipe encantado vampiro, com ares de bad boy e mentalidade de séculos passados...
Me pergunto o que fazer diante desse retrocesso... Talvez seja agora que o movimento feminista seja mais necessário, para que esse começo de depressão não seja uma queda vertiginosa.
Para você que também mora no DF, vale a pena acompanhar a pauta do STF esse começo de ano: em março devem julgar o caso dos fetos anencefálicos... Aí talvez possamos ter uma ideia do quão longe vai esse retrocesso.
Enfim, acho que já escrevi de mais... Enfim, parabéns pelo blog!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcredito que ainda vivemos com uma mentalidade moderna (aquela lá do séc XVI, XVII) e não houve muita evolução quanto a isso. A mulher sempre foi taxada de puta e de sem vergonha muito antes do que agora, só que naquela época ela não impunha seus valores e direitos. E como estão mostrando q tem tanto valor qtos os homens e... ainda... a sociedade não se deu conta disso. O movimento feminista (digo sexismo) é mto recente, nem 100 anos tem, e juntando com uma mente q se tem desde o renascimento, ou a mais tempo, não é agora que vão mudar. Mas ainda sou uma utopica e acredito que tudo isso mude um dia.
ResponderExcluirAna.
Na raiz do problema está acreditar que "sempre foi asism". Nâo foi. Não em toas as sociedades, não em todos os tempos, não o tempo inteiro para toro mundo. Outro ponto, os feminismos têm mais de 100 anos. Pelo menos uns 200 no Ocidente. Mas não entendi mesmo a associação entre Feminismo & Sexismo, pois os feminismos lutam contra isso exatamente.
ResponderExcluirObrigada por comentar no blog, Ana.
certo...mas uma coisa tem me preocupado bastante:a invisibilidade da banalização da exploração sexual da mulher e o incentivo á auto-objetificação.O caso da Uniban nada mais foi que isso,auto-objetificação defendida como dierito da mulher,e acho paradoxal feminismo ser contra os homens ns verem com bundas e defender mulheres que se reduzema bundas,Nunca vi tamanha manisfestação contra o tráfico de meninas e mulheres por exemplo.Meu contats com rganizações feministas do exterior em deixou horrorizada de como o feminismo brasileiro fecha os olhos para esta problemática,assim como para a prostituição e prnografia( também consideradas "direitos") e taca pedra em mulheres que ousam denunciá-la,chamando-as de "conservadoras" etc,quando na verdade, conservadorismo é querer que continuremos neste papel secular de objeto sexual e mercadoria para prostituição,seja visual ou física.Se continuarmos assim,daqui a pouco estão legalizando estupro.O RJ está um inferno e feminismo aqui está morto justamente por causa desta bundalização.
ResponderExcluirQuer dizer então que a Geisy então, por ter se "objetificado", deve ser apedrejada por uma turba por causa disso? Foi o que li? Porque se foi, não entendo o seu feminismo, isso, claro, se você se vê como tal. Nenhuma mulher pode ser tratada como a Geisy ou essa Twitess foi, ainda que elas não compreendam o motivo.
ResponderExcluirEntendo suas preocupações, mas generalizações como o "feminismo está morto", ou que as feministas brasileiras - e me incluo aí - são a favor da pornografia expressão grande amargura (*talvez porque seus pontos de vista não sejam considerados importantes ou por ter perdido debates por aí*) ou ainda da falta de compreensão da multiplicidade dos feminismo e das suas bandeiras.
Talvez se você desse uma olhada nos poucos posts deste meu blog veria pelo menos 1 falando d eprostituição infantil. Isso, claro, sem precisar procurar muito. Eu me considero uma feminista brasileira, mas não sou a palmatória dos feminismos aqui no país.