Queria ter escrito este texto na quinta-feira, e espero que essas sejam as minhas últimas palavras aqui sobre o “Massacre de Realengo” (1–2). Muitos meios de comunicação, como a Revista Isto é, já sinalizaram que o sujeito foi até a escola para matar meninas (“Apesar de ter escolhido como alvos preferenciais as meninas, o assassino Welington acertou um tiro na cabeça de Rafael Pereira da Silva (...)”), mas a coragem para dizer isso com todas as palavras, dando o nome aos bois – FEMINICÍDIO – só vi nos textos feministas (1-2), e na boca de um dos jornalistas mais extrema-direita desse país. Agora que (Graças ao bom Deus!) os meninos feridos, porque as meninas ele executou mesmo, estão se recuperando (*até os dois que estavam em estado muito grave*), a média deve continuar aquela mesmo: 10 meninas e 2 meninos mortos. Só que a gente continua escondendo falando “12 alunos mortos”, “12 crianças mortas”. Eu fico muito constrangida em ter que concordar (parcialmente) com um facistóide, mas se o resto da mídia, seja a grande imprensa ou os blogs, se recusam a dizer, a aceitar que um sujeito pode, sim, odiar tanto as mulheres e se sentir tão frustrado consigo mesmo a ponto de fazer o que esse cara fez... Paciência! Eu vou continuar clamando no deserto sempre que necessário. Eu não tenho nenhum problema com isso.
Enfim, mas o que me fez postar sobre Realengo de novo foi a exposição que a mídia – a grande imprensa escrita e televisiva – vem fazendo e fotos desse celerado posando com armas, posando com a carta de suicídio, além, claro, dos vídeos. Confesso que quando vi um desses vídeos no Jornal da Globo, quando ouvi a voz áspera, monótona, a fala desconexa do sujeito (*me recuso a escrever no nome dele*), meu estômago revirou. Eu acredito que existam indivíduos que busquem a fama póstuma. Estão dando isso para esse elemento. Agora, ele é famoso! E será ainda mais se continuarmos nesta toada. Logo, várias comunidades e pessoas vão começar a expressar abertamente na internet a paixão por esse monstro que, mesmo que tenha sido vítima de bullying, retornou a sua antiga escola e projetou seu ódio, sua frustração, seu mix de fanatismo religioso, nas meninas e meninos que lá estudavam. Corremos sério risco de termos copy cats, isto é, gente que vai imitar ou tentar imitar esse cara. E, enquanto escrevo, a Record está colocando os vídeos no ar DE NOVO! E a culpa é do Estado que está cedendo essas imagens e vídeos desse sujeito que passa mensagens para aqueles que sofrem bullying os estimulando a... MATAR MENINAS E MENINOS QUE NÃO FORAM OS RESPONSÁVEIS PELA VIOLÊNCIA QUE SOFRERAM!
Esse tipo de cara não deveria ter o direito de fala, não deveria ter o direito de entrar nas nossas casas, porque a TV X ou Y quer audiência. Eu me considero agredida e imagino os pais, mães, irmãos e irmãs, parentes, amigos, dessas crianças, das vítimas fatais e sobreviventes. Já chega! E não estou falando que devemos deixar de discutir o caso. É necessário, muito necessário falar de Realengo, discutir o nosso sistema educacional, falar que foi feminicídio, denunciar como o discurso religioso pode ter terríveis influências sobre mentes já perturbadas... são muitas coisas a discutir neste caso. Aliás, recomendo muito o último texto do Contardo Calligaris sobre o caso. Muito mesmo! Agora, mostrar o rosto do monstro? Sua voz? NÃO! Disso a gente não precisa, ou, pelo menos, eu não preciso!
Enfim, mas o que me fez postar sobre Realengo de novo foi a exposição que a mídia – a grande imprensa escrita e televisiva – vem fazendo e fotos desse celerado posando com armas, posando com a carta de suicídio, além, claro, dos vídeos. Confesso que quando vi um desses vídeos no Jornal da Globo, quando ouvi a voz áspera, monótona, a fala desconexa do sujeito (*me recuso a escrever no nome dele*), meu estômago revirou. Eu acredito que existam indivíduos que busquem a fama póstuma. Estão dando isso para esse elemento. Agora, ele é famoso! E será ainda mais se continuarmos nesta toada. Logo, várias comunidades e pessoas vão começar a expressar abertamente na internet a paixão por esse monstro que, mesmo que tenha sido vítima de bullying, retornou a sua antiga escola e projetou seu ódio, sua frustração, seu mix de fanatismo religioso, nas meninas e meninos que lá estudavam. Corremos sério risco de termos copy cats, isto é, gente que vai imitar ou tentar imitar esse cara. E, enquanto escrevo, a Record está colocando os vídeos no ar DE NOVO! E a culpa é do Estado que está cedendo essas imagens e vídeos desse sujeito que passa mensagens para aqueles que sofrem bullying os estimulando a... MATAR MENINAS E MENINOS QUE NÃO FORAM OS RESPONSÁVEIS PELA VIOLÊNCIA QUE SOFRERAM!
Esse tipo de cara não deveria ter o direito de fala, não deveria ter o direito de entrar nas nossas casas, porque a TV X ou Y quer audiência. Eu me considero agredida e imagino os pais, mães, irmãos e irmãs, parentes, amigos, dessas crianças, das vítimas fatais e sobreviventes. Já chega! E não estou falando que devemos deixar de discutir o caso. É necessário, muito necessário falar de Realengo, discutir o nosso sistema educacional, falar que foi feminicídio, denunciar como o discurso religioso pode ter terríveis influências sobre mentes já perturbadas... são muitas coisas a discutir neste caso. Aliás, recomendo muito o último texto do Contardo Calligaris sobre o caso. Muito mesmo! Agora, mostrar o rosto do monstro? Sua voz? NÃO! Disso a gente não precisa, ou, pelo menos, eu não preciso!