Trata-se de uma campanha anual, porque a violência contra as mulheres é algo tão corrente (*exemplo: Evangélico espanca filha adulta (e esposa) porque ela fazia chapinha no cabelo*), tão absurdo (*vide o caso UNIBAN, procure aqui no blog*) e tão aceito socialmente, que é necessário repetir e repetir que nós não somos cidadas de segunda classe e que não podemos aceitar ou nos calar. Na página da Campanha é possível obter informações atualizadas. Ela começou oficialmente no dia 20 de novembro até o dia 10 de dezembro. O video aí em cima está ligado à campanha. É apra chocar mesmo, porque esse tipo de coisa não pode continuar acontecendo.
Este é um blog feminista, com o intuito de divulgar notícias sobre temas relacionados às mulheres. É um blog político e seu objetivo é claro, quando você começar a ler tenha em mente isso: somos pela igualdade (política) entre mulheres e homens, pelos direitos humanos das mulheres em todo o mundo, pela construção de um mundo melhor para todos e todas. É “uma voz”, porque é a “minha voz”; logo, aqui não serei portadora da verdade ou “a voz” dos feminismos.
24/11/2009
12/11/2009
A turba da Uniban
Eu adoro os textos do Contardo Calligaris. Este foi o da semana passada que eu perdi. Ele sempre pega nos pontos certos (*e fez a analogia da bruxa como eu*) e no final escreve algo que muitos homens têm vergonha de confessar: sim, o feminismo é necessário. Segue o texto qeu é somente para assinantes da Folha de São Paulo.
CONTARDO CALLIGARIS
A turba da Uniban
NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: "Pu-ta, pu-ta, pu-ta".
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um "justo" protesto contra a "inadequação" da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre "vendido") de duas maneiras fundamentais: "veados" e "filhos da puta".
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, "veados" e "filhos da puta" são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: "veado", nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos "veados", por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser "usados" por seus ofensores. "Veado", nesse insulto, está mais para "bichinha", "mulherzinha" ou, simplesmente, "mulher".
Quanto a "filho da puta", é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. "Puta", nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de "querer"? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de "Zorba, o Grego", com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, a meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.
ccalligari@uol.com.br
Da coluna de hoje (12/11) do autor A novela da Uniban continua. Na sexta passada, por decisão do Conselho Universitário da Uniban, Geisy Arruda, ameaçada de estupro e linchamento coletivos, foi expulsa da universidade, porque, "claro", tudo isso aconteceu por ela ter tido posturas provocantes. Em caso de estupro, aliás, a gente sabe que a culpa é sempre da mulher; quem manda usar minivestido, hein? São todas putas, não é? Gostam de provocar e depois se queixam se os garotos as tratam como merecem.
Eu achava mesmo que esses papos sinistros só sobrevivessem nos piores botecos e, mesmo assim, em horário avançado. Talvez o Conselho da Uniban, para chegar à sua decisão, tenha se reunido num boteco. Numa universidade é que não pode ter sido.
Bom, na última segunda, o reitor da Uniban revogou a expulsão de Geisy. "Imparcial", também revogou a suspensão de seis alunos identificados entre os agressores.
CONTARDO CALLIGARIS
A turba da Uniban
NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: "Pu-ta, pu-ta, pu-ta".
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um "justo" protesto contra a "inadequação" da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre "vendido") de duas maneiras fundamentais: "veados" e "filhos da puta".
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, "veados" e "filhos da puta" são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: "veado", nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos "veados", por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser "usados" por seus ofensores. "Veado", nesse insulto, está mais para "bichinha", "mulherzinha" ou, simplesmente, "mulher".
Quanto a "filho da puta", é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. "Puta", nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de "querer"? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de "Zorba, o Grego", com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, a meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.
ccalligari@uol.com.br
Da coluna de hoje (12/11) do autor A novela da Uniban continua. Na sexta passada, por decisão do Conselho Universitário da Uniban, Geisy Arruda, ameaçada de estupro e linchamento coletivos, foi expulsa da universidade, porque, "claro", tudo isso aconteceu por ela ter tido posturas provocantes. Em caso de estupro, aliás, a gente sabe que a culpa é sempre da mulher; quem manda usar minivestido, hein? São todas putas, não é? Gostam de provocar e depois se queixam se os garotos as tratam como merecem.
Eu achava mesmo que esses papos sinistros só sobrevivessem nos piores botecos e, mesmo assim, em horário avançado. Talvez o Conselho da Uniban, para chegar à sua decisão, tenha se reunido num boteco. Numa universidade é que não pode ter sido.
Bom, na última segunda, o reitor da Uniban revogou a expulsão de Geisy. "Imparcial", também revogou a suspensão de seis alunos identificados entre os agressores.
08/11/2009
Vamos tentar tirar a UNIBAN do PROUNI
A UNIBAN recebe verbas do PROUNI (Programa Universidade para Todos), ou seja, dinheiro dos nossos impostos. Use este formulário na página do PROUNI. Uma série de e-mails pode ajudar a desqualificar a UNIBAN para o próximo ano ou o seguinte, quem sabe. E, claro, o programa não vai tirar as bolsas dos que já as possuem, simplesmente deixará de enviar mais dinheiro para esta insituição que patrocina a violência contra as mulheres.
Se nos calarmos, a UNIBAN e outras instituições que patrocinam a violência de gênero vão continuar existindo e se achando impunes. Outros casos como o de Geisy podem voltar a acontecer e a juventude pseudo-moralista vai se sentir segura para apontar os dedos e, quem sabe, de uma próxima vez, apedrejar ou estuprar DE VERDADE. Porque o estupro simbólico já aconteceu.
Basta escrever um e-mail. Vamos transformar a indignação em ação. O dinheiro dos seus impsotos também patrocina a UNIBAN. Não lembra do caso? Leia meu outro post sobre o caso clicando aqui.
Se nos calarmos, a UNIBAN e outras instituições que patrocinam a violência de gênero vão continuar existindo e se achando impunes. Outros casos como o de Geisy podem voltar a acontecer e a juventude pseudo-moralista vai se sentir segura para apontar os dedos e, quem sabe, de uma próxima vez, apedrejar ou estuprar DE VERDADE. Porque o estupro simbólico já aconteceu.
Basta escrever um e-mail. Vamos transformar a indignação em ação. O dinheiro dos seus impsotos também patrocina a UNIBAN. Não lembra do caso? Leia meu outro post sobre o caso clicando aqui.
07/11/2009
Caso UNIBAN... Pronto, falei!
Eu iria deixar para o podcast que já está gravado (*para meu outro blog, o Shoujo Café*), mas a última notícia sobre o caso UNIBAN me força a trazer para cá. Primeiro, quando ouvi falar do caso, imaginei que raios de tamanho de saia a moça estaria usando. Quando vi o vestido, fiquei pasma: "O quê?! O escândalo foi por causa disso? Esse pessoal nunca viu uma mulher de minissaia?". Meu marido e eu começamos a imaginar mil teorias para o ocorrido. Mas, quando vi os vídeos, as matérias, os depoimentos hipócritas, o disse-me-disse, as mocinhas dizendo que minissaia não é roupa adequada ao ambiente acadêmico e que ela "estava pedindo", minha indignação foi crescendo, o nojo, a aversão, a sensação de que realmente a barbárie impera, só qeu agora, foi a última gota, pois a UNIBAN expulsou a moça!
O site R7 reproduziu o absurdo comunicado da universidade que tem partes como: “Depoimentos de colegas indicam que, no interior do toalete feminino, a aluna se negou a complementar sua vestimenta para desfazer o clima que se havia criado.” e “Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar.”
Quer dizer que antes a universidade não tinha o que relatar, agora, segundo o comunicado “advertiu a moça várias vezes”. E, claro, em cima de boatos e fofocas (*com tanta filmagem, cadê alguma que mostra a menina levantando o vestido ou o que seja?*), a considera culpada. E, pior, diz que aquela reação digna de botequim ou de prisão em rebelião é “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”?
Sinceramente? Eu freqüento o ambiente universitário desde 1993, no Rio e em Brasília, fora minhas andanças em seminários, congressos e outros eventos em todo o país. Cansei de ver minissaias, shortinhos (*para meninos e meninas*), até sujeitos sem camisa, e outros que nem vou relatar. Nunca vi, no entanto, nenhuma moça sendo agredida por causa disso, ou rapazes advertidos. Obviamente, a universidade seria muito mais inteligente – embora isso não apagasse sua negligencia – se apresentasse o manual do/a estudante com um código de vestimentas que proibisse, por exemplo, o uso de minissaias, porque em São Paulo, ao que parece, isso não é roupa para ir à universidade. Me engana...
O que aconteceu na UNIBAN lembra muito a caça às bruxas. Elegeu-se um alvo. Uma mulher... Que novidade! Ela é agredida, cercada, ameaçada de estupro (*houve várias testemunhas relatando*), o pessoal da universidade quer que ela vá para casa sem apoio. Depois, se inicia uma difamação de que ela seria garota de programa. De novo, ainda que verdade, isso não justifica a agressão, tampouco qualquer mulher deveria ser excluída do ambiente universitário por ser prostituta. Aliás, são os usuários de prostitutas que geralmente apontam os dedinhos... Elas não são boas o bastante para sentarem com eles nos bancos de escola, só servem como latrina.
E algo que se destaca neste caso, além da misoginia, a homofobia. A misoginia usa das mulheres. A mídia se esmera em entrevistar “boas moças” que não usam minissaia na universidade, porque elas não são como Geisy. Questão de gênero, é preciso marcar quem são as “santas” e quem são as “putas”, essas menina sprecisam marcar quem elas são, queimarem a outra na fogueira, porque, se não, vão estar pedindo, também. E tudo isso para o consumo de quem? Dos machos que desejam e aterrorizam uma Geisy. O machismo não se sustenta se nós, mulheres, não formos convencidas a reproduzi-lo em maior ou menor grau. E homofobia, porque querem dizer que os tetosterônicos rapazes, prontos a estuprar a moça de minissaia, seriam gays, porque esse tipo de atitude é “coisa de gay”. Legal, né?
Enfim, Geisy é pobre, mostrou-se absolutamente despolitizada e desconhecedora dos seus direitos (*acha que parte da culpa é sua, afirma que gosta de ser olhada, cantada, assediada*). Que pelo menos o advogado que apresentou-se para assumir seu caso realmente o faça. E que a UNIBAN tenha que pagar uma indenização monstruosa para essa moça que está sendo lesada. Aliás, não acredito nas bravatas de que ninguém vai contratar formandos da UNIBAN (*isso foi comentado no Twitter*), mas eu teria vergonha de estudar nessa universidade que seleciona tão mal seus alunos e alunas e considera reações criminosas como a do dia 22 de outubro como “defesa do ambiente escolar”.
E eu não compararia ao Taleban, porque eles quando cometem atitudes bárbaras contra as mulheres se ancoram em um conjunto “coerente” de valores, já o caso UNIBAN reflete o descontrole, a falta de cidadania e respeito com o próximo, especialmente quando se trata de uma mulher. E não pensem que somente uma Geisy corre risco, qualquer mulher corre, qualquer uma de nós (*feia ou bonita, gorda ou magra, jovem ou velha, coberta ou descoberta*), está aí apra ser assediada, apropriada. Se ninguém fizer nada, se a UNIBAN sair ilesa, isso só será reforçado. E a UNIBAN, ou pelo menos o campus em questão (*culpar todos os alunos e alunas, de todos os campus, e mesmo daquele, é profundamente injusto*), deveria ser chamado de tudo, menos de ambiente escolar.
Outra coisa: há quem diga que a universidade deve ensinar cidadania. Não! Discordo! Cidadania se ensina em casa e na escola. Quando você vai apra a universidade já é adulto, na maioria das vezes maior de idade, e está em busca de formação profissional e científica. Deve saber quais são os seus limites. E os alunos e alunas daquele campus da UNIBAN ultrapassaram qualquer limite. E devem ser tratados como são, adultos que merecem ser punidos por seus atos, e não serem defendidos pela universidade que decide "queimar a bruxa".
O site R7 reproduziu o absurdo comunicado da universidade que tem partes como: “Depoimentos de colegas indicam que, no interior do toalete feminino, a aluna se negou a complementar sua vestimenta para desfazer o clima que se havia criado.” e “Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar.”
Quer dizer que antes a universidade não tinha o que relatar, agora, segundo o comunicado “advertiu a moça várias vezes”. E, claro, em cima de boatos e fofocas (*com tanta filmagem, cadê alguma que mostra a menina levantando o vestido ou o que seja?*), a considera culpada. E, pior, diz que aquela reação digna de botequim ou de prisão em rebelião é “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”?
Sinceramente? Eu freqüento o ambiente universitário desde 1993, no Rio e em Brasília, fora minhas andanças em seminários, congressos e outros eventos em todo o país. Cansei de ver minissaias, shortinhos (*para meninos e meninas*), até sujeitos sem camisa, e outros que nem vou relatar. Nunca vi, no entanto, nenhuma moça sendo agredida por causa disso, ou rapazes advertidos. Obviamente, a universidade seria muito mais inteligente – embora isso não apagasse sua negligencia – se apresentasse o manual do/a estudante com um código de vestimentas que proibisse, por exemplo, o uso de minissaias, porque em São Paulo, ao que parece, isso não é roupa para ir à universidade. Me engana...
O que aconteceu na UNIBAN lembra muito a caça às bruxas. Elegeu-se um alvo. Uma mulher... Que novidade! Ela é agredida, cercada, ameaçada de estupro (*houve várias testemunhas relatando*), o pessoal da universidade quer que ela vá para casa sem apoio. Depois, se inicia uma difamação de que ela seria garota de programa. De novo, ainda que verdade, isso não justifica a agressão, tampouco qualquer mulher deveria ser excluída do ambiente universitário por ser prostituta. Aliás, são os usuários de prostitutas que geralmente apontam os dedinhos... Elas não são boas o bastante para sentarem com eles nos bancos de escola, só servem como latrina.
E algo que se destaca neste caso, além da misoginia, a homofobia. A misoginia usa das mulheres. A mídia se esmera em entrevistar “boas moças” que não usam minissaia na universidade, porque elas não são como Geisy. Questão de gênero, é preciso marcar quem são as “santas” e quem são as “putas”, essas menina sprecisam marcar quem elas são, queimarem a outra na fogueira, porque, se não, vão estar pedindo, também. E tudo isso para o consumo de quem? Dos machos que desejam e aterrorizam uma Geisy. O machismo não se sustenta se nós, mulheres, não formos convencidas a reproduzi-lo em maior ou menor grau. E homofobia, porque querem dizer que os tetosterônicos rapazes, prontos a estuprar a moça de minissaia, seriam gays, porque esse tipo de atitude é “coisa de gay”. Legal, né?
Enfim, Geisy é pobre, mostrou-se absolutamente despolitizada e desconhecedora dos seus direitos (*acha que parte da culpa é sua, afirma que gosta de ser olhada, cantada, assediada*). Que pelo menos o advogado que apresentou-se para assumir seu caso realmente o faça. E que a UNIBAN tenha que pagar uma indenização monstruosa para essa moça que está sendo lesada. Aliás, não acredito nas bravatas de que ninguém vai contratar formandos da UNIBAN (*isso foi comentado no Twitter*), mas eu teria vergonha de estudar nessa universidade que seleciona tão mal seus alunos e alunas e considera reações criminosas como a do dia 22 de outubro como “defesa do ambiente escolar”.
E eu não compararia ao Taleban, porque eles quando cometem atitudes bárbaras contra as mulheres se ancoram em um conjunto “coerente” de valores, já o caso UNIBAN reflete o descontrole, a falta de cidadania e respeito com o próximo, especialmente quando se trata de uma mulher. E não pensem que somente uma Geisy corre risco, qualquer mulher corre, qualquer uma de nós (*feia ou bonita, gorda ou magra, jovem ou velha, coberta ou descoberta*), está aí apra ser assediada, apropriada. Se ninguém fizer nada, se a UNIBAN sair ilesa, isso só será reforçado. E a UNIBAN, ou pelo menos o campus em questão (*culpar todos os alunos e alunas, de todos os campus, e mesmo daquele, é profundamente injusto*), deveria ser chamado de tudo, menos de ambiente escolar.
Outra coisa: há quem diga que a universidade deve ensinar cidadania. Não! Discordo! Cidadania se ensina em casa e na escola. Quando você vai apra a universidade já é adulto, na maioria das vezes maior de idade, e está em busca de formação profissional e científica. Deve saber quais são os seus limites. E os alunos e alunas daquele campus da UNIBAN ultrapassaram qualquer limite. E devem ser tratados como são, adultos que merecem ser punidos por seus atos, e não serem defendidos pela universidade que decide "queimar a bruxa".
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