Antígona de Marie Spartali Stillman. |
Poucas coisas me parecem mais desesperadoras do que perder um ente querido e não ter seus restos mortais para, pelo menos, enterrá-los. Dar sepultura é algo importante para a maioria das culturas humanas desde a Pré-História, é algo ligado ao que chamamos de minimamente de humano.
Em uma das peças gregas que eu mais gosto, Antígona (*para download, aqui*), a protagonista sacrifica sua vida para dar sepultura ao irmão, condenado pelo tio, então rei, a apodrecer nos campos e ser devorado pelas feras. Em um dos embates da peça, ela argumenta com o tio-rei que há uma lei não escrita, anterior a qualquer lei humana que a obriga a fazê-lo. Ela termina encerrada com o cadáver do irmão no mesmo túmulo, mas morre acreditando que fez o que é certo, o que é justo, sem recuar.
Tentativa de identificar os desaparecidos na vala comum do cemitério de Perus, SP. |
Debochar das mães e pais que sofrem é ter desprezo por princípios mínimos de civilização. Tem dúvidas? Olhe para seu filho, ou filha, e se imagine procurando sem fim por ele, ou ela, sem encontrar, nunca tendo a certeza que somente o cadáver pode lhe dar. Tenha empatia e escolha bem seu candidato.
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