Sei que faz tempo que não posto coisa alguma. Às vezes, sinto vontade de comentar notícias, mas há coisas tão deprimentes que comentar seria mexer ainda mais na ferida, mas, bem, vou comentar duas notícias opostas publicadas esta semana, uma que aponta para algum avanço na condição das mulheres, outra, para o retrocesso. Vivemos disso, afinal, não é mesmo? Luta contínua, avanços e retrocessos.
A primeira notícia ponta para um backlash inesperado, pelo menos para mim. A Igreja Anglicana, depois de 12 anos de discussão, deliberou no dia 20, terça-feira, que não irá ordenar mulheres como bispos. Para que fosse aprovada, seria necessário 2/3 dos votos do Sínodo Geral que tem 470 votantes entre leigos, bispos e clérigos. Segundo o arcebispo de York, John Sentamu, foram os leigos que derrubaram a moção. Bispos e clérigos tinham aprovado. Segundo a Gazeta do Povo, “Mais de mil integrantes da Igreja Anglicana, incluindo bispos e clérigos seniores, enviaram uma carta ao jornal "The Independent" na segunda-feira (19) pedindo ao Sínodo para decidir em favor da ordenação”. Já o the Times tinha publicado na sexta da semana anterior uma carta assinada por 325 clérigos pedindo que o Sínodo não aprovasse. Segundo eles, isso geraria novas fraturas. O fato é que a cada avanço dos anglicanos (ordenação de mulheres, de homossexuais), o papa da vez, João Paulo II e, agora, Bento XVI, oferecem aos anglicanos a possibilidade de “retorno”, abrindo, inclusive, para os padres casados, já que a Igreja Anglicana estaria “se desviando”. Mas, obviamente, abrir exceção para padres casados, não é desvio, é estratégia utilizada desde a Idade Média... Para tentar evitar uma nova sangria, a Igreja Anglicana deu um passo atrás... Enfim, as mulheres já são ordenadas bispos por ramos da igreja anglicana na Austrália, Nova Zelândia, Canadá e EUA, pois há aqueles que se subordinam às decisões vindas da Grã-Bretanha, outros que tem seus próprios sínodos.
A notícia positiva é que a presidente Dilma Rousseff assinou ontem a promoção da primeira oficial general das Forças Armadas. A capitão de mar e guerra Dalva Maria Carvalho Mendes passará a contra-almirante - patente equivalente a general de brigada, no Exército, e brigadeiro, na Aeronáutica. É preciso ressaltar que a promoção à oficial general não é somente por folha de serviço, mas depende da estima que @ oficial tenha entre seus pares, isto é, nem todo sujeito que chega à coronel – ou seu equivalente – é promovido à general, deve haver consenso entre os outros oficiais generais de que a pessoa merece entrar para este seleto grupo, ou seja, trata-se de uma decisão puramente política, não no sentido partidário, mas quando pensamos que depende de escolhas pessoais. Que ninguém pense que foi decisão da Dilma, pois se não houvesse concordância entre os almirantes, não haveria promoção. Segundo o Globo, a promoção foi decidida em reunião com o ministro da Defesa, Celso Amorim, no Palácio do Planalto. A promovida, Dalva Maria é diretora da Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória, no Rio. Ela entrou na Marinha em 1981, tem 56 anos, é viúva e tem dois filhos. A Marinha foi a primeira das três Forças a aceitar mulheres em seus quadros. A participação das mulheres se deu a partir de 1980. Atualmente, dos 2.882 oficiais da Marinha, 33,3% são mulheres; dos 2.933 praças, 6,8%. É ótimo, mas, ao mesmo tempo, curioso, pois a Marinha mantém suas escolas principais – Colégio Naval e Escola Naval – as que estão ligadas à formação dos oficiais da armada, permanecem fechadas para as mulheres. Se a história que está rolando de que o Exército será obrigado a abrir as Agulhas Negras no ano que vem proceder, a Marinha deve ter quer abrir pelo menos a Escola Naval. Lembrem que a AFA abriu em 1992 seu exame de admissçao para as mulheres e já formou umas duas turmas de pilotos com mulheres. A Marinha abriu seus quadros primeiro, é pioneira outra vez, mas continua sendo extremamente conservadora. Vitória, sim, mas com ressalvas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário